Estudo mostra que 30% das cefaleias na infância estão relacionadas ao excesso de computador que também leva à miopia acomodativa
A dor de cabeça é uma das principais causas das consultas oftalmológicas entre crianças. De acordo com o oftalmologista Dr. Leôncio Queiroz Neto, quando um filho se queixa é a primeira especialidade consultada pelos pais. A boa notícia é que os problemas oftalmológicos só causam 1% da cefaleia na infância. Ele diz que o problema geralmente resulta do estresse ocular provocado pelo esforço visual no computador. Só para se ter uma ideia, o uso excessivo da tecnologia faz com que a incidência da dor de cabeça relacionada à visão salte de 1% para 30% na infância. É o que mostra um estudo feito pelo médico com 360 pacientes de 9 a 12 anos que chegavam a ficar 6 horas ininterruptas na frente do computador, videogame e outras tecnologias.
Identificação e prevenção
“É fácil identificar a cefaleia relacionada ao excesso de computador” afirma Queiroz Neto. Ele explica que geralmente surge depois de duas horas em frente a telinha. É caracterizada por uma dor tensional nas têmporas e pescoço. Cabe aos país, observa, orientar a criança para evitar as crises. Na maior parte dos casos a dor desaparece com descanso, olhando para o horizonte de 15 a 30 minutos a cada hora na frente do monitor, e até fazendo uma caminhada pela casa. Se não desaparecer, a recomendação é consultar um especialista.
Risco de miopia
O estudo também mostra que o excesso de computador pode estar relacionado ao aumento da miopia. Isso porque, o esforço visual prolongado para enxergar de perto causou miopia em 21% das crianças contra a prevalência de 12% apontada pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). O médico afirma que em crianças a visão está em desenvolvimento e a contração prolongada dos músculos ciliares para focar as telas eletrônicas inibe o relaxamento dessa musculatura e leva à miopia acomodativa. É diferente da miopia patológica em que o eixo da visão cresce. “Por isso, pode ser revertida com descanso dos olhos, mas pode se tornar um mal permanente se a criança se manter diariamente por mais de duas horas olhando para as telas eletrônicas”, afirma.
O oftalmologista diz ainda que isso explica porque um estudo americano recomenda as atividades ao ar livre para evitar a miopia.
Hereditariedade
Queiroz Neto ressalta que quando o assunto é miopia a hereditariedade determina, enquanto os fatores ambientais favorecem ou impedem o desenvolvimento. Embora a genética seja influente, ressalta, não significa que necessariamente a miopia seja passada de pai para filho. Isso porque, explica, quando uma criança nasce, suas características físicas são determinadas em 50% pelos cromossomos da mãe e em 50% pelos cromossomos paternos. Se apenas um dos pais é míope e o filho herda o gene dominante da miopia, tem 50% de chance de tornar-se míope. No caso de os pais serem portadores do gene, mas não apresentarem a doença, a probabilidade de o filho ser míope cai para 25%. É isso que explica porque uma criança pode ter olhos normais mesmo que os pais tenham miopia, conclui.
Por: José Mulser
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