Especialista explica como funciona esse procedimento e em quais casos ele é indicado.
O nome pode até soar como uma modalidade esportiva, mas, na realidade, trata-se do que há de mais novo em tratamento para o ceratocone: Crosslinking. “O Crosslinking é um tratamento mundialmente realizado, indicado nos casos de piora do ceratocone. O intuito é retardar e até mesmo interromper a progressão da doença”, explica o oftalmologista Dr. Wilson Obeid. Segundo ele, essa técnica vem sendo utilizada graças, principalmente, à efetividade do procedimento, superior a 90%, um índice robusto, que ajuda a mostrar que quem sofre com a doença tem muito que comemorar com esse avanço.
O ceratocone é um problema de visão que afeta a córnea, causando aumento e irregularidade na curvatura. Essa condição leva a uma distorção, que pode acarretar em alteração do grau e, futuramente, até mesmo a necessidade de um transplante, devido à constante troca de óculos e a progressão da doença, levando a uma perda considerável da qualidade de vida para o paciente. O ceratocone é um processo não inflamatório, que compromete a visão de um modo muito impactante. Geralmente, atinge os dois olhos, mas um costuma ser mais afetado do que o outro. Entre os sintomas mais comuns estão o embasamento e a distorção da visão. A incidência entre a população é de um ou dois a cada 100 mil indivíduos.
O Crosslinking do Colágeno da Córnea é, nesse sentido, uma nova opção de tratamento, e bastante efetiva. As complicações cirúrgicas são raras. É um procedimento minimamente invasivo que consiste, primeiramente, em uma raspagem da superfície da córnea – para que os medicamentos utilizados penetrem mais facilmente – e aplicação de colírio de vitamina B2, várias vezes, durante 30 minutos. Em seguida, entra em cena a adição de luz ultravioleta A (UVA), por mais 30 minutos. Essa técnica permite que as fibras de colágeno criem novas ligações entre elas, fortalecendo a estrutura da córnea. “No final, colocamos uma lente de contato gelatinosa para auxiliar na cicatrização”, detalha Dr. Obeid. Cada caso deve ser avaliado individualmente, mas o crosslinking pode ser uma opção para a maioria das situações.
Atualmente, o tratamento varia de acordo com o estágio da doença. Em casos mais leves, nos quais o ceratocone está apenas no início, o médico pode indicar uso de óculos, lentes de contato ou mesmo implantação dos chamados anéis intraestromais, um procedimento cirúrgico que visa a melhorar essas deformações na córnea causadas pela enfermidade. “É importante lembrar que as lentes ou implantes de anéis são utilizados para melhorar a acuidade visual do paciente, mas não influenciam na evolução da doença”, ressalta o especialista. Nos casos avançados, a opção indicada é mesmo o transplante de córnea.
Vale lembrar que, nos mais jovens, principalmente as crianças, a chance de que o ceratocone tenha uma evolução rápida é muito maior do que nos adultos. Apesar da doença ter componente genético importante, é essencial evitar hábitos, como coçar os olhos, pois esse é um fator de risco considerável para o desenvolvimento do ceratocone. “Recomendamos sempre que as pessoas procurem um especialista de córnea anualmente. Nos menores de 15 anos, semestralmente. Dependendo do caso, é necessária essa rotina de consultório a cada 3 meses” observa o médico.
Por: José Mulser
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