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Má adaptação de lente pode cegar - Eduardo Paulino

Má adaptação de lente pode cegar

14 de novembro, 2018

No Brasil 1 em cada 2 brasileiros precisa de correção visual e 2 milhões optam por lente de contato. O problema é que 30% dos que preferem as lentes de contato correm risco de complicações sérias na visão. Isso porque, um levantamento do oftalmologista Dr. Leôncio Queiroz Neto nos prontuários do hospital, mostra que é este o índice de pacientes que chegam aos consultórios usando lentes coloridas sem prescrição ou compradas com a receita dos óculos de grau. Para o médico o índice é tão alto porque a venda de lente de contato é livre na internet e ópticas mesmo depois do Conselho Federal de Medicina (CFM) publicar resolução na qual determinou que a indicação, adaptação e acompanhamento de lentes de contatos são atos médicos “Só quando aparece alguma complicação esta parcela da população consulta um oftalmologista”, afirma. Uma lente mal adaptada, adverte, pode causar cicatriz e úlcera na córnea com grande risco de perda da visão. Algumas pessoas só aparecem no consultório quando estão com sequelas definitivas nos olhos. Para outras, comenta, uma pequena intercorrência que poderia ser resolvida com troca de material, melhor ajuste ao formato do olho ou prescrição de colírio lubrificante é o suficiente para o abandono do uso.

Prescrição e acompanhamento

Engana-se quem pensa que a prescrição só é necessária para lentes corretivas. É indicada também nos casos de lente estética para trocar a cor dos olhos. Queiroz Neto explica que a adaptação inclui análise da curvatura e relevo da córnea, exame de refração, avaliação do filme lacrimal, fundos cópia e de utilização de lentes teste independente da finalidade. “Usar lente sem prescrição médica é um erro porque nem todos estão aptos”, adverte. A estimativa é de que 16% dos brasileiros não podem. Quem tem alguma doença ocular externa, alergia, olho seco ou a borda da córnea irregular, salienta, tem problemas com certeza se não passarem por avaliação e acompanhamento.

No outono, ressalta, o risco de desconforto com lentes de contato é maior. Isso porque, o aumento da poluição no ar desencadeia doenças alérgicas nas vias respiratórias que levam à alergia ocular em 70% dos casos. Quando surge alergia nos olhos, pondera, a recomendação é interromper o uso da lente até a completa recuperação.

Falhas comuns

O especialista diz que o uso de lentes vencidas ou durante o sono, quando a produção lacrimal tem uma redução de 50%, são as causas mais frequentes de úlcera de córnea. Estas duas atitudes aumentam o risco de contaminação em 10 vezes por reduzirem a oxigenação da córnea. O perigo é ainda maior no calor por conta da evaporação da lágrima e proliferação de bactérias no ar.

O erro mais comum na manutenção de lentes, ressalta, é comprar um litro de soro fisiológico para fazer a limpeza. Isso porque, soro não contém conservante e depois de aberto se torna um campo fértil para a multiplicação de bactérias e fungos. Por isso o uso de soro só está liberado se for comprado em embalagens de dose única. Ao primeiro sinal de desconforto – olhos vermelhos, dor, sensibilidade à luz, visão embaçada e sensação de corpo estranho – o especialista indica interrupção do uso e passar por consulta com um oftalmologista.

Prevenção

As recomendações do médico para prevenir a contaminação da córnea são:

  • Lavar cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes;
  • Utilizar solução higienizadora tanto na limpeza quanto no enxágue das lentes e estojo;
  • Friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos;
  • Não usar soro fisiológico ou água na higienização;
  • Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo;
  • Colocar as lentes sempre antes da maquiagem;
  • Guardar o estojo em ambiente seco e limpo;
  • Trocar o estojo a cada quatro meses;
  • Respeitar o prazo de validade das lentes;
  • Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno;
  • Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e procurar o oftalmologista;
  • Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas;
  • Não entrar no mar ou piscina usando lentes.

Por: José Mulser

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